Muito tem se falado sobre a especificidade dos sujeitos no contexto da educação de jovens e adultos e na necessidade, portanto, de entender o contexto da escola como espaço de expressão das experiências sócio-culturais.
O Brasil tem, hoje, 150 milhões de indigentes, o que representa cerca de 29% da população, como indica o Mapa da Fome, recentemente elaborado pela Fundação Getúlio Vargas. Que acesso ao conhecimento letrado teve esses indivíduos? Não é mais fácil culpabilizá-los pela situação em que se encontram ou oferecer-lhes projetos nos moldes de panacéias que em seis meses irão alfabetizá-los, do que analisar a geração deste amplo quadro de desigualdades do ponto de vista histórico-cultural?
Mais dados: o Censo Demográfico, realizado pelo IBGE, informa que o Brasil possui 32 milhões de brasileiros que não sabem ler e escrever, sendo que desta população cerca de 19 milhões são de pessoas jovens e adultas.
Se for possível perceber o quadro de desigualdades que marcam a realidade brasileira, é preciso refletir sobre a pertinência da construção político-pedagógica da escola e da educação de jovens e adultos em seu interior, é preciso, nesse processo de oposição ao estado de coisas pensarem: como fica a formação de professores? Como fortalecer a escola pública no caminho de reflexão de suas práticas ligadas aos interesses do aluno (jovem e adulto)?
No âmbito da escola, em meu caso, no campo da EJA, o jovem é reduzido à posição de aluno (muitas vezes ele próprio negando outras dimensões de sua própria identidade constituinte). Há um desfocamento do olhar, pela opacidade do tratamento dado aos jovens como meramente alunos, reduzindo a escola ao espaço da instrução. Desse modo, essa última procura negar a multiplicidade de possibilidades formadoras vividas pelos atores sociais, nos seus diversos espaços e tempos, desde a entrada no pátio, a sala de aula, a hora do intervalo. Carece, enfim, da compreensão mais ampliada da escola e dos alunos como sujeitos sócio-culturais. E, para ampliar o foco visual sobre a juventude na escola, é preciso considerar a dimensão da “experiência vivida”.
Feliz Natal!
Há 15 anos
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